01 set 2022

O novo papel do FM: a experiência dos usuários

A pandemia da Covid-19 trouxe novas perspectivas acerca do trabalho e dos espaços corporativos. A adoção do modelo home office como solução para enfrentar o confinamento e o distanciamento social teve impacto na relação entre colaboradores e empresas.  

Antes desse período de crise sanitária mundial, o mercado já estava sofrendo transformações, impulsionadas pelo conceito da Indústria 5.0 e a flexibilidade do workplace, que imprimia uma maior preocupação com os problemas de saúde física e mental dos colaboradores. O “novo normal”, contudo, acelerou esses processos de reconfiguração para criar ambientes mais saudáveis.  

Neste cenário, o profissional de Facility Management é essencial para acompanhar o desenvolvimento dessa nova forma de trabalhar. Com o avanço da vacinação, muitas empresas continuam atuando no modelo home office enquanto outras adotaram o regime híbrido. Independentemente do modelo adotado pelas corporações, houve uma evolução do mercado de trabalho à qual o setor de facilities deve estar a par e se preparado para enfrentar novos desafios, buscando as ferramentas certas que auxiliem na promoção da produtividade e bem-estar nos ambientes empresariais complexos e híbridos. 

 

TRABALHO HÍBRIDO VEIO PARA FICAR  

O mundo corporativo, provavelmente, não voltará ao que era no período pré-pandemia e se encaminha para a consolidação do formato híbrido. Segundo o relatório “O futuro do trabalho é híbrido”, realizado pelo Wework, 53% das pessoas desejam trabalhar no escritório 3 dias por semana ou menos. Além disso, 50% dos colaboradores dizem que, quando vão trabalhar no escritório, menos que 5 horas por dia é o ideal.  

As expectativas das empresas estão alinhadas às preferências dos funcionários, cerca de 53% dos executivos gostariam que os colaboradores gastassem metade de seu tempo em um escritório, enquanto 47% preferem que os colaboradores continuem trabalhando em casa ou em outro espaço público.  

Para o Facility Management, essa tendência se torna um desafio logístico, pois demanda a integração de diferentes locais de trabalho, enquanto ainda mantém a segurança, o engajamento dos colaboradores e a cultura da empresa coesa em um ambiente tão diverso e “fora do controle”. 

 

APRIMORAMENTO DOS ESPAÇOS E EDIFÍCIOS

Antes da pandemia da Covid-19, os colaboradores tinham certa relutância na ideia de trabalhar remotamente. No entanto, o estigma foi quebrado e o trabalho presencial compete com o conforto de trabalhar em casa.  

Por isso, durante os dias de trabalho presencial, a experiência do colaborador está diretamente ligada com a eficiência e acolhimento do ambiente físico. O gestor de facilities deve auxiliar na construção de um local que seja positivo para a produção, otimizando os resultados, mas também que transmita uma experiência de marca capaz de mantê-lo engajado e com sentimento de pertencimento, não só em relação à empresa, mas também em relação aos demais colaboradores. Segundo uma pesquisa do IDC Brasil, o café com colegas (50%) e as reuniões presenciais (44%) estão entre os tópicos que os colaboradores mais sentem falta.  

Dito isso, o setor de Facility Management precisa continuar se certificando acerca da boa manutenção dos ambientes, com uma estação de trabalho limpa, moderna e confortável a fim de viabilizar estes encontros e a produtividade, mas deve ir além no desenvolvimento de fluxos, áreas e ações que fomente esse ambiente de integração. 

O Design Sensorial é um exemplo. Ele explora o aspecto visual dos ambientes para estimular o bem-estar dos funcionários. Isso inclui os cuidados com o aroma, a temperatura agradável, sons relaxantes, a quantidade e o tipo de luz, além de texturas suaves das cadeiras e toalhas do banheiro. Todos esses fatores podem contribuir para o desempenho otimizado dos colaboradores. 

 

O novo papel do FM e seus desafios

Ambientes mais leves, decoração prazerosa, autonomia para trabalhar de casa, ferramentas tecnológicas, até mesmo um cachorrinho no escritório pode fazer a experiência do colaborador se tornar única. É preciso investir em ações que façam o funcionário querer trabalhar presencialmente.   

Uma vez que o gestor de facilities conseguiu transpor as barreiras da concepção de um ambiente saudável, é necessário administrar esses espaços de forma que o novo modelo de trabalho tenha fluidez.  

Devido a mais pessoas estarem trabalhando de casa, as empresas não precisam ter uma mesa para cada colaborador, assim a possibilidade de horários flexíveis com o espaço disponível precisa ser gerenciado de forma adequada. O FM deve se ater à quantidade de pessoas em cada espaço ao mesmo tempo e estabelecer uma comunicação com o restante da empresa para informar o número máximo de pessoas que podem estar no local para não gerar superlotação e, consequentemente, interferir na qualidade da experiência.  

Dessa forma, uma das maneiras que o gestor pode encontrar para ajudar nessa tarefa de controle dos espaços é o uso do software Computer Aided Facilities Management (CAFM), ou seja, gestão de facilities auxiliada pelo computador. Este sistema, além de conseguir aumentar o lucro por meio do monitoramento da necessidade de manutenção, possibilita o gerenciamento de operações no espaço físico.  

Investir em sensores de movimento que ajudem a quantificar a ocupação média também podem ser uma solução. Essa tecnologia auxilia no conforto dos colaboradores e redução de gastos de energia, já que podem ser programadas para detectar presença e automaticamente ligar e desligar luzes e ar-condicionado, além de abrir e fechar janelas ou torneiras.  

Mas ainda há muitas situações sem respostas, que vão demandar olhar atento, proatividade, muita pesquisa e troca de informações. O real desafio, portanto, é seguir atuante, assertivo e proposito em um cenário instável e subjetivo, com pressões cada vez maiores por resultados qualitativos e quantitativos.