22 maio 2023

Excesso de CO2 no ar traz riscos à saúde e aos negócios

O dióxido de carbono (CO2) é um gás incolor e inodoro naturalmente presente na atmosfera em níveis baixos. No entanto, em ambientes fechados como escritórios, a concentração de CO2 pode aumentar rapidamente, especialmente quando há pouca ventilação, situação que oferece vários riscos para a saúde e o bem-estar das pessoas, como mostrou uma pesquisa realizada pela Universidade de Londres. Os resultados indicam que a presença de altos níveis de CO2 no ar pode levar a um declínio significativo na capacidade cognitiva, incluindo a memória, a concentração e a tomada de decisões.

 

Quais são os riscos de excesso de CO2 nos ambientes?

Embora a gravidade dos efeitos do CO2 no ambiente varie de acordo com a concentração e a duração da exposição, bem como da sensibilidade individual das pessoas, há vários riscos possíveis, que não devem ser negligenciados. Os principais são:

Efeitos sobre a função cognitiva

O excesso de CO2 pode ter impactos negativos na função cognitiva, incluindo a memória, a concentração e a tomada de decisões. Isso ocorre porque o CO2 pode reduzir o fluxo sanguíneo para o cérebro, prejudicando a oxigenação e o metabolismo cerebral. 

Sendo assim, é fundamental monitorar os níveis de CO2 em ambientes fechados e tomar medidas para reduzir a exposição ao gás, especialmente em locais onde as pessoas passam longos períodos de tempo, como escolas, escritórios e residências.

Fadiga e mal-estar

Após a inalação excessiva, o CO2 pode resultar em fadiga e cansaço, uma vez que o corpo precisa trabalhar mais para manter suas funções normais. Além disso, a presença de altos níveis de CO2 no ar pode levar a uma sensação de mal-estar geral, causando desconforto e reduzindo a capacidade de concentração e foco.

A exposição prolongada ao dióxido de carbono também pode levar a pessoa à náusea e tontura, uma vez que o gás pode afetar o equilíbrio do corpo, causando uma sensação de desorientação. 

Problemas respiratórios

A irritação nas vias respiratórias é um dos problemas mais comuns da exposição ao CO2 em excesso. Isso ocorre porque o gás é mais pesado que o ar e tende a se acumular em espaços fechados, especialmente em áreas com pouca ventilação. A irritação pode levar a uma sensação de desconforto, comumente descrita como ardência nos olhos, nariz e garganta. Os altos níveis de CO2 podem causar dificuldade para respirar especialmente em pessoas que já têm problemas respiratórios pré-existentes, como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Baixa assertividade nas tomadas de decisões

Pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, descobriram que uma alta concentração de gás carbônico em um ambiente fechado pode prejudicar a capacidade das pessoas de tomar decisões. O estudo, realizado em conjunto com pesquisadores da Universidade do Estado de Nova Iorque, foi publicado no periódico “Environmental Health Perspectives“. 

O processo foi conduzido em condições controladas de laboratório, onde os participantes foram expostos a diferentes níveis de dióxido de carbono em um ambiente fechado. Em seguida, foram submetidos a testes de tomada de decisão. Os resultados do estudo mostraram que, quando os níveis de dióxido de carbono no ambiente eram elevados, o desempenho dos participantes nos testes era significativamente pior do que quando os níveis de CO2 eram mais baixos. 

Os pesquisadores descobriram que, quando a concentração de CO2 no ambiente ultrapassava 1400 ppm, as pessoas apresentavam um desempenho 50% pior em testes de tomada de decisão em comparação à concentração de CO2 de 600 ppm.

 

Síndrome do edifício doente

A fim de melhorar a eficiência energética e reduzir os gastos com ar-condicionado, arquitetos e designers começaram a projetar edifícios com menos ventilação, o que resultou em desconfortos e problemas de saúde para os ocupantes. Um fenômeno típico deste cenário é a Síndrome do Edifício Doente (ou Sick Building Syndrome – SBS), que tem como principal fator o excesso de gás carbônico, uma vez que as altas concentrações desse gás podem causar sintomas como cansaço, fadiga, falta de concentração, irritação nos olhos, nariz e garganta, além de pele seca.

Como se vê, a ventilação adequada é um fator crucial para a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde dos colaboradores. Para garantir um ambiente salubre é essencial realizar análises periódicas da qualidade do ar, que são capazes de identificar se o sistema de refrigeração e ventilação do ar-condicionado está funcionando corretamente, além de fazer o correto monitoramento  e as devidas manutenções preventivas e corretivas para manter os equipamentos dentro das normas e requisitos legais, como a Lei do PMOC e a Resolução ANVISA 09/2003, que estabelece um limite de concentração de 1000 ppm (partes por milhão) para ambientes fechados. 

 

Como evitar os riscos causados pelo excesso de CO2?

  • Ventilação adequada: É importante garantir que os ambientes internos estejam adequadamente ventilados para evitar o acúmulo de CO2. Isso pode ser alcançado através da abertura de janelas, instalação de sistemas de ventilação, como exaustores ou sistemas de ar-condicionado com troca de ar fresco.
  • Monitoramento da qualidade do ar interno: É recomendado realizar o monitoramento contínuo da qualidade do ar interno em ambientes fechados, especialmente em espaços onde há a presença de várias pessoas, como escritórios. Detectores de CO2 podem ser instalados para alertar quando a concentração de CO2 está aumentando.
  • Manutenção dos sistemas de ar-condicionado: Os sistemas de ventilação e ar-condicionado devem ser mantidos regularmente para garantir que funcionem corretamente e não apresentem vazamentos ou falhas que possam contribuir para o acúmulo de CO2.
  • Uso de plantas: As plantas podem ajudar a reduzir a concentração de CO2 em ambientes internos, pois absorvem o gás e liberam oxigênio durante o processo de fotossíntese.

Ao adotar essas medidas, é possível garantir um ambiente interno saudável e seguro para seus ocupantes, reduzindo os riscos causados pelo excesso de CO2.