28 mar 2022

Metaverso: o que é e o que tem a ver com o mercado imobiliário?

“Meta” é uma palavra de origem grega (metà) que significa, entre outras coisas, transformação, transcendência, o que vem depois e para além de. Daí a palavra “metaverso”, ou seja, “além do universo”. Na prática, o termo refere-se à junção de espaços físico e digital em um único ambiente virtual, acessível por meio de dispositivos digitais. O ambiente virtual imersivo é construído por meio de diversas tecnologias, como Realidade Virtual (RV), Realidade Aumentada (RA), Inteligência Artificial (IA) e hologramas.

Antes mais restrito ao mundo da tecnologia, o conceito vem ganhando cada vez mais destaque devido ao desenvolvimento das plataformas de metaverso, a participação de famosos e grandes marcas nesse universo e a movimentação monetária que ele vem impulsionando por meio da compra e venda de terrenos. De acordo com a MetaMetric Solutions, só em 2021 as transações somaram US$ 501 milhões, podendo chegar a US$ 1 bilhão em 2022. Ou seja, o termo hi-tech chegou de vez ao mercado imobiliário.

 

Metaverso, do entretenimento dos jogos à realidade imobiliária

Apesar de o termo parecer novo, uma versão da tecnologia já existe desde 2003 com o jogo Second Life, criado pela empresa americana Liden Lab. Trata-se de um ambiente virtual 3D com a simulação da vida social, onde usuários podem criar avatares e socializar uns com os outros. Mas, apesar de ter atraído milhares de pessoas, o jogo não conseguiu unir os mundos virtual e real, o que tenta fazer atualmente. Os filmes Matrix, Jogador Nº 1, Jumanji e, claro, Avatar já trouxeram o conceito a público pelas telonas.

Outros jogos mais recentes, como Fortnite, Minecraft e Roblox, também utilizam o conceito de metaverso. Ao entrar nesses jogos, as pessoas criam seus próprios personagens e vivem uma vida digital onde podem comprar casas, roupas, bichinhos, se relacionarem uma com as outras e até participarem de eventos. A cantora norte-americana Ariana Grande, por exemplo, fez uma turnê de shows dentro do Fortnite e foi assistida por milhares de avatares.

Mas, a proposta do metaverso não é só jogos. O próprio Facebook, já de olho nesse mercado em expansão, teve seu nome alterado para Meta. Conforme carta divulgada ao público pelo CEO Mark Zuckerberg, “no metaverso, você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar – reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar – bem como ter experiências completamente novas que realmente não se encaixam em como pensamos sobre computadores ou telefones hoje”.

Gigantes como o McDonald´s e a Nike são outros que não querem ficar de fora desse “além do universo”. A rede de fast food homologou no início de fevereiro deste ano um pedido de registro de patente para ativos virtuais, incluindo um “restaurante virtual que inclui produtos reais e virtuais”. No estabelecimento virtual, os clientes poderão fazer seus pedidos e recebê-lo em casa, no mundo físico. Já a Nike entrou com pedido de registro de marca como parte dos seus preparativos para vender tênis e roupas virtuais e comprou a startup RTFKT, que projeta e cria o que chamam de “tênis e colecionáveis prontos para o metaverso”.

 

Mercado imobiliário aquecido no metaverso

Explorando o potencial de mercado dos terrenos virtuais destacam-se três plataformas atualmente.

O Sandbox é um ambiente colaborativo de games que permite a criação de cidades fictícias (e reais) em sua plataforma digital. É lá, por exemplo, que o cantor Snoop Dogg criou o Snoopverse, valorizando – e muito – a região.

Completamente baseado em blockchain, o Decentraland tem um espaço digital finito de apenas 90 mil parcelas de “terra virtual”. Já o Metaverse2 tem o objetivo de recriar o mundo físico no digital. Nova Iorque, Seul e São Paulo já estão por lá. Segundo o portal de notícias Habitability, um terreno foi vendido no Decentraland por US$1 milhão em 2021.

A resposta para o que vai, de fato, se fazer no metaverso ainda é incerta, mas empresas, pessoas comuns e personalidades já estão comprando seu “pedaço de terra”, seja para construir ou como investimento, afinal, por ora, a lógica do mercado imobiliário meta segue a mesma que o convencional – a lei da oferta e da procura. Áreas privilegiadas já têm custos maiores, como a Times Square ou o Cristo Redentor. No Metaverse2 o valor do “pixel quadrado” da área da estátua da Liberdade, por exemplo, já chega a US$7 mil.

 

E você pronto para ter um pedacinho do Cristo pra chamar de seu?